quinta-feira, 25 de junho de 2009

PARA QUE SERVE UM INTERMEDIÁRIO FINANCEIRO NUMA EMPRESA

Hoje em dia é já bastante vulgar um particular recorrer aos serviços de um intermediário financeiro para uma operação de consolidação de créditos, para uma transferência de crédito habitação para um novo Banco ou para a contratação de um crédito habitação novo, ao adquirir um imóvel. As Empresas portuguesas, no entanto, não têm recorrido a este tipo de serviço com a mesma intensidade. Porque será? Apenas por desconhecimento do serviço ou porque não valorizam a especialização técnica, potencial de poupança e conveniência associado a este serviço? Pessoalmente, acredito que esta situação ocorre sobretudo por desconhecimento do papel de um intermediário / consultor financeiro e do impacto positivo que este pode gerar. Com este artigo espero dar o meu contributo para divulgar e valorizar a profissão que decidi escolher.

Sobretudo para PMEs e microempresas em que os fundadores / gestores tenham origens profissionais em áreas comercias, de produção ou técnicas, a área financeira em geral e a negociação bancária em particular representa a entrada num mundo desconhecido. Normalmente, o conselheiro para este tipo de decisões será o TOC que, no entanto e com algumas honrosas excepções, não estará devidamente preparado para assessorar o gestor nestes processos, uma vez que as suas especialidades serão mais a contabilidade geral e fiscalidade e não tanto a gestão financeira. Assim, a tomada de decisões de financiamento pode rapidamente transformar-se num jogo de enganos, simpatias, imprecisões e intuições mais ou menos sustentadas.

Um intermediário financeiro pode auxiliá-lo a tomar decisões estruturadas. Assim, num processo de financiamento a primeira decisão passa por avaliar qual o instrumento financeiro que mais se adequa às necessidades da Empresa. Para tanto, terá de se analisar a situação operacional e financeira da empresa nas várias vertentes e antecipar a sua evolução futura. Só compreendendo a globalidade dos fluxos financeiros, se poderá prescrever a solução de financiamento mais adequada à empresa e ao empresário. Por experiência própria, temos encontrado com mais frequência que seria desejável más decisões de financiamento como sejam contas correntes utilizadas a 100% durante anos a fio. A conta corrente é um instrumento de gestão financeira de curto prazo que se destina a corrigir a sazonalidade de tesouraria do negócio. O facto de estar em permanência consumida significa que a empresa necessita de capitais permanentes, i.e. um reforço de capital social ou um financiamento de MLP. O risco associado a estas situações, particularmente numa altura de escassez de crédito é o de que, se a instituição de crédito decidir não renovar a conta corrente, p.e. com uma antecipação de 90 dias, a Empresa dificilmente poderá mobilizar os meios financeiros necessários para liquidar a conta corrente num espaço de tempo tão curto, colocando em perigo a sobrevivência da Empresa.

Escolhido o instrumento financeiro mais adequado, entra-se na fase de negociação de condições com os Bancos. Esta negociação é bastante mais complexa do que uma simples negociação do “spread”, que por vezes parece centralizar todo o esforço de negociação do Cliente. Numa proposta empresarial quase tudo deverá ser objecto de negociação – desde o prazo do empréstimo, passando pelas garantias oferecidas pela empresa ou pelo(s) sócio(s), pela percentagem máxima de crédito a conceder face às garantias oferecidas até à contratação de taxas fixas ou variáveis. Multiplique pelo número de Bancos a operar em Portugal e tente adivinhar quanto tempo vai ter de investir no processo de negociação do seu crédito. Agora tente estimar qual o impacto que este investimento de tempo vai ter em termos de vendas perdidas, clientes insatisfeitos, encomendas atrasadas e trabalhos com qualidade insuficiente e tem mais uma boa razão para recorrer aos serviços de um intermediário financeiro.

Em conclusão, um intermediário financeiro é um assessor que lhe poderá dar apoio em decisões difíceis, com custos significativos e de longo alcance. Sobretudo numa empresa que não tenha direcção financeira, o intermediário poderá ser o seu Director Financeiro em outsourcing, assessorando-o e defendo os seus interesses numa negociação de créditos.

Miguel Prata, Gerente da Geramais